Reestruturação do Ensino Médio
pressupostos teóricos e desafios da práticahttp://www.educacao.rs.gov.br/dados/ens_med_reestruturacao_ensino_medio.pdf
Organização do livro:
Jose Clovis de Azevedo e Jonas Tarcísio Reis
Leia abaixo parte do texto que você encontrará no livro conforme link acima.
1. A pesquisa como princípio pedagógico e as reformas do Ensino Médio no Brasil
As reformas dos anos 1930, 1940 e 1950
Na linha de tempo que iremos desenhar sobre as reformas do Ensino
Médio, reportaremo-nos ao documento elaborado pela Câmara
de Educação Básica (CEB) e pelo Conselho Nacional de Educação
(CNE) em (Brasil, 2011) e da pesquisa sobre a história da Educação
Brasileira realizada por Jélvez (2008). A resenha histórica inicia
constatando que foi a reforma educacional conhecida pelo nome
do ministro Francisco Campos que organizou o ensino profissional
e comercial (Decreto nº 18 890/31) e também estabeleceu a modernização
do ensino secundário nacional. Essa reforma não rompeu
com a tradição de uma educação voltada para as elites e setores
emergentes da classe média, pois foi concebida para conduzir
os estudantes para o ingresso nos cursos superiores, cujo acesso
estabelecia exigências que a grande maioria da população em todo
o território nacional não tinha condições de atender.
Já em 1942, por iniciativa do ministro Gustavo Capanema, foi
instituído o conjunto das Leis Orgânicas da Educação Nacional,
que configuraram a denominada Reforma Capanema: a) Lei orgânica
do ensino secundário, de 1942; b) Lei orgânica do ensino
comercial, de 1943; c) Leis orgânicas do ensino primário, de 1946.
Essas leis que organizaram e estruturaram o ensino objetivavam
a formação das elites que conduziam o País, no caso específico
do ensino secundário; no caso do ensino profissional, este era
voltado para as necessidades emergentes da economia industrial
e da sociedade urbana. O ensino secundário, de um lado, e o ensino
profissional, de outro, não se comunicavam nem propiciavam
circulação de estudos, o que veio a ocorrer na década seguinte. As
modalidades do ensino secundário e profissional, alicerces do ensino
brasileiro, surgiram com essa dicotomia de ofertas com propósitos
de inserção econômica e social diversa quanto à formação
dos jovens de classes sociais diferentes.
Nos anos 1950 considera-se uma mudança importante a introduzida
por Lei Federal referente à equivalência entre os estudos
acadêmicos e os profissionais, comunicando os dois tipos de ensino.
A Lei Federal nº 1076/50 permitiu que concluintes de cursos
profissionais ingressassem em cursos superiores, desde que comprovassem
nível de conhecimento indispensável à realização dos
referidos estudos.
De 1960 a 1970
Na década de 1960, foi estabelecida a plena equivalência entre os
cursos, com a equiparação, para todos os efeitos, do ensino profissional
ao ensino propedêutico, efetivada pela primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, Lei nº 4024/61,
artigos 33 e 34). A LDBEN/61, promulgada em 20 de dezembro de
1961, estava no congresso desde 1948.
Os anos 1970 trazem reformas decisivas, como as operadas
pela Agency for International Development (AID) a partir de 1964
e consubstanciadas na promulgação da Lei nº 5692/71, que fez a
transposição do antigo ginasial, até então considerado como fase
inicial do ensino secundário, para constituir-se na fase final do
primeiro grau de oito anos. Estabeleceu a obrigatoriedade da profissionalização,
supostamente para eliminar o dualismo entre
uma formação clássica e científica, respectivamente, preparadora
para os estudos superiores, da profissional (industrial, comercial
e agrícola). Segundo a CEB/CNE/MEC (Brasil, 2011), a implantação
generalizada da habilitação profissional trouxe, entre seus efeitos,
sobretudo para o ensino público, a perda de identidade que o
segundo grau passara a ter, seja a propedêutica para o ensino superior,
seja a de terminalidade profissional. Após pouco mais de
uma década, a obrigatoriedade da profissionalização no segundo
grau tornou-se facultativa pela edição da Lei nº 7044/82.
O MEC reorganizou o sistema educacional brasileiro a partir
dos conceitos trazidos pelos técnicos da AID pagos pelo governo
brasileiro. Esse acordo de cooperação se traduziu numa série de
projetos que foram desenvolvidos entre o MEC e a United States
Agency for International Development (Usaid)/Conselho de Cooperação
Técnica da Aliança para o Progresso (Contap), acordados
a partir de 26 de junho de 1964, que consistiram basicamente na
contratação de assessores americanos para o aperfeiçoamento do
Ensino Primário, para o planejamento do Ensino Médio, com vistas
a sua melhoria; em treinamento de técnicos brasileiros nos Estados
Unidos; treinamento de técnicos rurais; assessoria americana
para a expansão e o aperfeiçoamento de quadro de professores
de Ensino Médio no Brasil; na delimitação de responsabilidades
e competências legais com todo o controle sobre a produção dos
livros até a ilustração, editoração, distribuição e sob a orientação
quanto à compra de direitos autorais de editores não brasileiros
(ou seja, americanos). O produto desses acordos, decretos e leis,
objetivando colocar o caráter legal das reformas, passou a ser estudado
numa disciplina obrigatória em todas as licenciaturas, denominada
Estrutura e Funcionamento de Ensino.
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